sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Aos alunos Pena de Ouro 2014


Dois mil e quinze foi proclamado pela ONU o Ano Internacional da Luz: a energia sem a qual não existiríamos[1]. A luz que no século XVII se associou às lentes e nos permitiu enxergar o infinitamente pequeno e o infinitamente grande, através dos microscópios e dos telescópios. A luz que se materializou nas lâmpadas do século XVIII, que nos encantou com as fotografias e o cinema no século XIX e nos permitiu, a partir do século XX, comunicações instantâneas com as fibras óticas. Essa mesma luz que, por tudo isso, nos coloca, no século XXI, diante do infinitamente complexo. Complexidade que se reflete nas áreas de conhecimento, nas relações interpessoais, na economia, nas questões ambientais e nos diversos aspectos da existência humana.

E como educar para uma realidade complexa? Existem exemplos bem sucedidos, cuja característica principal é a capacidade de promover mudanças paradigmáticas e se ajustar a novos contextos. As famílias dos alunos que hoje recebem a Pena de Ouro têm muito a dizer. Os senhores – pais, mães, responsáveis – são exemplos de sucesso na educação de jovens na sociedade contemporânea.

O Colégio Pedro II também é um desses exemplos. Do alto dos seus cento e setenta e sete anos, traz as marcas de quem travou bons combates contra os modismos educacionais e não perdeu a esperança numa educação capaz de agregar em seu currículo, de forma não dicotômica, o humanismo e a ciência, o conteúdo e a prática, a reflexão e a ação e a consolidação do tripé ensino-pesquisa-extensão na Educação Básica.

Qual é a nossa fórmula? Alunos dedicados que trazem no olhar o lampejo de um risonho e fulgente porvir; famílias com vocação para o estudo que sempre souberam que levavam nas mãos o futuro de uma grande e brilhante nação; um corpo docente com setenta e três por cento de professores trabalhando em regime de dedicação exclusiva, que sem perder o antigo esplendor desenvolvem duzentos e setenta e dois projetos de pesquisa ou extensão e fóruns internos, que com passos constantes e seguros discutem diuturnamente o currículo e o processo de ensino-aprendizagem.


Por tudo isso, concluo o meu discurso na Cerimônia de Aluno Pena de Ouro, no Ano Internacional da Luz, desejando que os laureados desta noite continuem rasgando estradas de luz na amplidão e em suas trajetórias não esqueçam nunca de suas origens acadêmicas na escola pública e lutem por ela, como só um soldado da ciência sabe lutar, porque a escola pública de qualidade é o requisito essencial para a existência de uma sociedade democrática, justa e igualitária.




[1] Em 2015, também se celebra: os cem anos da Teoria da Relatividade Geral; os cento e dez anos da explicação do efeito fotoelétrico, de Albert Einstein; os cinquenta anos da descoberta da radiação cósmica de fundo, a radiação emitida pelo Big Bang, e o milésimo aniversário do surgimento de “Kitab al-Manazir”, o tratado de ótica escrito pelo cientista árabe Ibn al-Haytham (pela importância de seu tratado, Ibn al-Haytham é considerado o pai da ótica moderna, da oftalmologia, da física experimental e da metodologia científica.)