terça-feira, 11 de novembro de 2014

Reflexão sobre as formas de discriminação e intolerância.


Há cento e setenta e sete anos, nosso Colégio é reconhecido pela vocação humanista de seu currículo. O perfil de nossos egressos é uma demonstração inequívoca disto e as práticas administrativas sempre trilharam o mesmo caminho. Mas, como uma instituição que trabalha com crianças e jovens em formação, eventualmente, nos deparamos com episódios em desacordo com os valores que defendemos e praticamos. 

Como um espaço de aprendizagem cabe-nos o esclarecimento através de atividades curriculares e extracurriculares, a fim de que nossos alunos alcancem outros patamares de entendimento da realidade que os circunda. Como instituição de formação, cabe-nos apurar o ocorrido e aplicar sanções disciplinares, quando couber. Aos fatos que excederem a indisciplina e alcançarem o indesejado patamar do ilícito, cabe às instâncias jurídicas do Colégio encaminhar a questão, sempre tendo em conta a nossa missão de educar.

Não somos juízes, não somos jornalistas, somos educadores! Por isso, da mesma forma que não encontra apoio nesta gestão qualquer forma de discriminação, também não são acolhidas medidas que exponham alunos à execração pública. Medidas dessa natureza destoam da nossa função pedagógica e acirram ânimos e diferenças que devemos superar através da informação e do conhecimento.

Há um ano, estamos construindo uma agenda pautada prioritariamente na inclusão. Todas as cotas previstas em lei têm sido implementadas em nossos concursos públicos, os Núcleos de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE´s) têm sido fortalecidos em todos os campi; núcleos e laboratórios de pesquisa têm sido criados com o objetivo de apoiar ações pedagógicas para inserção em nosso currículo de temáticas ligadas à diversidade, em suas várias dimensões. Os eventos técnico-científicos e artístico-culturais realizados neste segundo semestre refletem a preocupação e o engajamento dos diversos setores do Colégio nessa agenda pragmática e propositiva.

Por isso, mais uma vez, convido todos os servidores do Colégio a agregar esforços, aos já existentes, propondo ações educativas e espaços de reflexão para o enfrentamento de todas as formas de discriminação e intolerância. 

Não sei se é fato, mas circula na internet um texto afirmando que, ao nascer, cada membro de uma determinada tribo africana recebe de presente uma canção que o acompanhará por toda a vida. Nos momentos de sucesso, a tribo canta essa canção para saudá-lo. Nos momentos de erro ou fracasso, a tribo faz o mesmo com o intuito de relembrá-lo de suas origens e seu compromisso com o coletivo. Verdadeira ou não, a mensagem ilustra de forma sensível a responsabilidade e a fraternidade necessárias ao ato de educar.

Assim, finalizo reiterando os passos constantes e seguros do Colégio Pedro II rumo a uma educação formadora de cidadãos capazes de honrar nosso legado histórico e materializar nosso compromisso institucional de contribuir para uma sociedade mais justa, igualitária e fraterna.